A gestão financeira de empresas do setor saúde no Brasil é um desafio complexo que exige planejamento estratégico e eficiência na alocação de recursos. O setor é caracterizado por uma alta dependência das grandes operadoras de planos de saúde, como Unimed, Amil e Bradesco Saúde, que impõem tabelas de preços para procedimentos e consultas, muitas vezes abaixo do custo operacional, limitando a autonomia financeira das empresas. Por exemplo, uma consulta médica pode ser remunerada em torno de R$ 40 a R$ 80, valores que podem ser insuficientes para cobrir despesas com infraestrutura, pessoal e tributos, exigindo que as empresas busquem alternativas para manter a sustentabilidade financeira. Diante desse cenário, a gestão eficiente de custos, otimização tributária, gestão de pessoas, inovação, setor comercial e marketing tornam-se fundamentais para garantir a sustentabilidade e crescimento do negócio.
Ainda, o processo de crescimento de empresas no setor deve considerar fortemente as estratégias de movimentação do mercado ocorridas entre 2008 e 2017, com nova onda no período 2020-2022, com fusões, aquisições e expansão de atividades nas grandes cidades brasileiras, em especial nas regiões do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Goiânia.
Nesse período, impulsionado pela necessidade de crescimento em grandes mercados consumidores, empresas do setor se instalaram ou adquiriram unidades diagnósticas e centros hospitalares a partir de decisões de suas sedes, em especial a DASA, Hapvida, rede Oncoclínicas, Fleury, Rede D’Or e rede Mater Dei, frequentemente impulsionadas por recursos provenientes da entrada direta de investidores e IPO’s no mercado de capitais.
Transportado para um universo do setor saúde instalado em médias cidades, fusões, aquisições e incorporações são soluções ótimas para expansões de negócios, com resultados rápidos em três frentes: redução de custos operacionais, otimização da oferta e expansão de serviços e poder de negociação com demais agentes do mercado.
Gestão de Custos e Otimização Tributária
A gestão de custos é essencial para manter a viabilidade financeira das empresas de saúde. Reduzir desperdícios, otimizar compras e renegociar contratos com fornecedores podem gerar economias significativas. O uso de tecnologias para a gestão de estoques e automação de processos também contribui para o controle de gastos. Além disso, a terceirização de processos-meio, como os setores financeiro, comercial e de marketing, pode trazer mais agilidade no cumprimento de metas e na obtenção de resultados, reduzir custos operacionais, aumentar a capacidade de adaptação às mudanças estratégicas e oferecer um olhar mais racional sobre o perfil de receitas, despesas e decisões financeiras.
A otimização tributária é outro fator crítico, dada a carga fiscal elevada no Brasil, que pode representar até 32% da receita bruta das empresas do setor, dependendo do regime tributário adotado. A alta carga de impostos sobre serviços médicos, folha de pagamento e equipamentos hospitalares impacta diretamente na margem de lucro das instituições de saúde. Empresas podem se beneficiar da escolha adequada do regime tributário (Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real) e do aproveitamento de incentivos fiscais, como equiparação hospitalar. Uma assessoria contábil especializada pode ajudar a identificar oportunidades de economia tributária dentro da legislação vigente.
Gestão de Pessoas e Inovação
A qualidade dos serviços em saúde depende diretamente dos profissionais envolvidos. A gestão de pessoas deve focar na capacitação, motivação e retenção de talentos. Estratégias como planos de carreira, bonificações por desempenho e um ambiente organizacional positivo podem contribuir para uma equipe mais produtiva e comprometida.
A inovação também desempenha um papel central. O investimento em tecnologia para aprimorar diagnósticos, otimizar o atendimento e melhorar a gestão administrativa gera eficiência operacional e diferencial competitivo.
Setor Comercial e Marketing
A implementação de um setor comercial estruturado pode contribuir significativamente para o crescimento da receita. Esse setor deve contar com profissionais especializados, como gestores comerciais, analistas de relacionamento e representantes de vendas, responsáveis por identificar oportunidades de mercado, negociar contratos com operadoras de planos de saúde e desenvolver novos serviços. Além disso, é essencial estabelecer processos claros para a prospecção de clientes, fidelização e precificação estratégica, garantindo um fluxo constante de receita e crescimento sustentável da empresa. Isso inclui a definição de parcerias estratégicas, negociação com operadoras de planos de saúde e desenvolvimento de novos serviços.
O marketing no setor saúde deve seguir estratégias que garantam credibilidade e confiabilidade, considerando as regulamentações específicas da área. O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) impõem restrições sobre a publicidade de serviços médicos, proibindo, por exemplo, a promessa de resultados e o uso de imagens sensacionalistas. Dessa forma, as estratégias devem focar na transparência, na divulgação de conteúdos educativos e na valorização da experiência do paciente, garantindo que as campanhas sejam éticas e dentro dos parâmetros legais. O marketing digital, incluindo a presença em redes sociais, SEO para sites e campanhas direcionadas, pode ampliar a visibilidade da empresa e atrair novos pacientes. O atendimento humanizado e a construção de uma boa reputação também são essenciais para fidelização.
Além disso, estratégias de inclusão social institucional geram credibilidade e melhores resultados econômicos, em médio e longo prazo.
Estratégias para Aumento de Receita
Para aumentar a receita das empresas de saúde, algumas estratégias podem ser implementadas:
- Diversificação de Serviços: Oferta de novos tratamentos, exames e especialidades pode ampliar o público atendido.
- Parcerias com Empresas e Convênios: Estabelecer parcerias para atendimento corporativo e planos empresariais pode gerar maior previsibilidade de receita.
- Atendimento Diferenciado: Criar pacotes de atendimento com serviços premium ou programas de acompanhamento pode atrair um público disposto a pagar mais por uma experiência diferenciada.
- Investimento em Tecnologia: Uso de prontuários eletrônicos, telemedicina e soluções digitais podem melhorar a eficiência do atendimento e aumentar a capacidade de atendimento.
- Programas de Fidelização: Descontos, planos de prevenção e check-ups periódicos podem incentivar os pacientes a retornarem regularmente.
A gestão financeira eficiente no setor saúde é essencial para garantir a perenidade das empresas. Para alcançar esse objetivo, é fundamental que os gestores adotem práticas de planejamento estratégico, implementem tecnologias que aumentem a eficiência operacional e explorem novas oportunidades de receita. Ao investir na capacitação da equipe, otimizar processos e diversificar serviços, as empresas podem garantir um crescimento sustentável e se destacar no mercado. Portanto, é essencial que cada organização avalie suas necessidades específicas e implemente medidas concretas para fortalecer sua posição no setor. Um planejamento estratégico baseado na otimização de custos, melhoria da qualidade dos serviços e diversificação das fontes de receita pode proporcionar crescimento e estabilidade financeira a longo prazo.