O movimento de terceirização de atividades-meio de empresas tem se tornado cada vez mais frequente com o controle dos processos de trabalho por meio de sistemas, pela clara determinação de custos por atividade e pela flexibilização das leis de terceirização das atividades empresariais, em especial a lei 13.329/2017, tratando das atividades-meio e até atividades-fim para realização por terceiros.
A terceirização se expandiu inicialmente para processos industriais, em atividades e setores que apresentam custos bem definidos, calculados, por exemplo, pela entrada de mão-de-obra, insumos e equipamentos.
Mais recentemente, o núcleo diretivo de empresas, em qualquer porte, percebeu a importância de terceirizar serviços e setores estratégicos, como o marketing e comercial. Entre as vantagens desta contratação, destacam-se:
- Resultados otimizados
- maior previsibilidade de custos
- metas contratualizadas com a empresa parceira
- redução de custos com recursos humanos
- revisão contínua de resultados compossibilidade de substituição do prestador
A empresa contratante tem ganhos de médio e longo prazo por melhorar performance e acelerar o ROI – return of investment. A terceirização do setor financeiro é mais recente, e também possibilitada pelo aperfeiçoamento dos sistemas de gestão, dos sistemas bancários e da conciliação entre eles. Dentro da empresa, o setor financeiro representa custos com recursos humanos, contratação de sistemas, área física operacional e perdas por falhas do processo de contas a pagar / receber.
A gestão financeira terceirizada apresenta diminuição e padronização destes custos, com ganhos indiscutíveis para a empresa contratante.
Mas, há um ganho intangível que não se mede, e provavelmente é ainda maior que o possibilizado pela eliminação das despesas primárias: o feito posse ou dotação (endowment effect), descrito pelo economista americano Richard Thaler, que inclusive ganhou o Nobel de economia em 2017, unindo psicologia e comportamento econômico. Neste modelo amplamente testado, as pessoas tendem a colocar mais valor naquilo que possuem do que o mercado efetivamente calcula, enquanto comprador ou tomador dos serviços.
Thaler mostrou que a racionalidade limitada afeta de modo sistemático a tomada de decisões, no âmbito pessoal ou empresarial. Como consequência, observamos os seguintes prejuízos:
- Em pessoas:
- comprar bens de preços mais elevados, mesmo com opções mais baratas e com recursos suficientes para uso (ex.: celulares, veículos, ítens de vestuário)
- manter posse de bens que pouco utiliza, mas geram despesas (ex.: possuir mais de um veículo)
- manter relações pessoais e/ou comerciais pouco produtivas ou até prejudiciais, somente por “já estarem acostumadas”.
- Em empresas:
- manter parcerias comerciais com fornecedores sem estudar continuamente as inovações dos concorrentes
- demora na tomada de decisões de inovação ou mudança do modelo de negócios
- manter por tempo prolongado negócios ou produtos que não trazem retorno financeiro
- superestimar a capacidade de resposta da empresa a crises, ou a valorização dos seus produtos e serviços, ou até da empresa, como um todo
- Adiar substituições de pessoas.
A terceirização da gestão financeira possibilita, quase sempre, um novo olhar sobre o perfil de receitas e despesas da corporação, sem a interferência emocional da atuação como gestores, identificando precocemente anomalias e a busca por soluções mais efetivas, racionais e rentáveis.
Muitas empresas de terceirização ofertam ainda uma avaliação preliminar dos custos operacionais, e somente após esta etapa propõem uma solução eficiente.
E mais, gestão financeira é completamente diferente de gestão contábil, apesar de complementares, e isso nunca deve ser esquecido.
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